5 de setembro de 2007

Diabetes e Disfunção Eréctil (DE)



De acordo com o urologista, Nuno M. Pereira, cerca de 400.000 portugueses sofrem de Disfunção Eréctil (DE). Ainda de acordo com este especialista, o homem que dela padece não deve sentir-se único. Afinal, segundo o autor, acima dos 40 anos, 25% dos homens têm problemas de erecção. Contudo, apesar destes números, apenas 10% dos doentes que apresentam DE procuram ajuda especializada, dados estatísticos que se mantém mesmo nos países socialmente mais avançados, como os do Norte da Europa. Para percebermos a problemática da DE é importante que percebamos o mecanismo básico da erecção. Este é um fenómeno complexo, definido por uma sucessão de acontecimentos, que permitem a passagem do estado de flacidez à rigidez completa do pénis. Os estímulos sexuais (visuais, tácteis, olfactivos, auditivos), actuam ao nível do cérebro ou do pénis, originando impulsos nervosos, desencadeadores da libertação de hormonas e de mediadores químicos que vão contribuir para o aumento do fluxo de sangue ao nível do pénis. Este é constituído por dois corpos cavernosos e por um corpo esponjoso, no interior do qual está a uretra, por onde sai a urina e o esperma. O mecanismo de erecção acontece devido ao fluxo sanguíneo que enche os corpos cavernosos conferindo ao pénis a rigidez necessária para a penetração. A DE é definida pelo DSM-IV-TR (2000), como a persistente ou decorrente incapacidade para atingir ou manter uma erecção adequada até ao fim da actividade sexual, causando mal-estar acentuado ou dificuldades interpessoais. A DE pode ainda ser caracterizada tendo em conta o início (ao longo da vida/adquirido), o contexto (generalizado/situacional) e, factores etiológicos (devido a factores psicológicos/devido a factores combinados). Esta dificuldade pode ainda verificar-se em todo o tipo de actividade sexual, ou manifestar-se apenas em determinadas situações ou com determinados parceiros, normalmente estas últimas apontam para uma etiologia do foro psicológico, no entanto a análise de cada caso é muito importante para que se chegue à
verdadeira causa que está a provocar a disfunção. A correcta avaliação permitirá aos especialistas estabelecer a melhor abordagem a fazer, de maneira a ajudar os pacientes.


Calcula-se que cerca de 30% dos indivíduos diabéticos irão desenvolver ao longo da sua vida, alguma forma de DE. Esta desenvolve-se progressivamente até se atingir a total ausência de erecção. A diabetes tem uma acção multifactorial, com repercussão a nível vascular (microangiopatia), neurológico (polineuropatia diabética) e hormonal (baixa de androgénios). Facto que obriga a importância do despiste e controlo desta doença, no sentido de evitar o aparecimento ou agravamento deste quadro.


Embora a DE em pacientes diabéticos esteja relacionada principalmente com causas orgânicas, não podemos deixar considerar a importância das implicações que os factores psicogénicos apresentam para a qualidade de vida dos diabéticos. A depressão e a ansiedade do desempenho, entre outras, apresentam para a manifestação ou agravamento da DE. Os pensamentos interiorizados pelos pacientes são muito importantes quando avaliamos a qualidade de vida percepcionada pelos doentes com diabetes mellitus.


O adequado tratamento, apoio psicológico e as intervenções psicoterapêuticas, permitem uma maior estabilidade destes pacientes melhorando consideravelmente a sua qualidade de vida e, por conseguinte, a melhor satisfação das suas necessidades sexuais.

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