ENTREVISTA AO PORTUGAL DIÁRIO Texto de Judite França
"É azul, pequenino e compra-se na farmácia. Há dez anos, chegou a Portugal para mudar a vida de homens e mulheres. Mas nem todos estão preparados para a mudança que o medicamento pode provocar na sua vida: o Viagra só se compra com receita médica, é caro (quatro comprimidos custam 46 euros) e nem todos os homens assumem que têm um problema, como a disfunção eréctil.
Vânia Beliz, psicóloga clínica com especialidade em sexologia, bem sabe que são sobretudo as mulheres a «empurrarem» os homens para as consultas, São «pressionados» e acabam por procurar ajuda, até porque, nos dias que correm, elas têm outro ascendente sobre os maridos, que não tinham há 40 anos.
Da impotência para a disfunção eréctil
Mas apesar de os tempos serem outros, certo é que mesmo que o Viagra fosse um medicamento de venda livre, seria mais fácil encontrar um homem a comprar o milagroso «comprimido azul» numa farmácia onde não fosse conhecido. «Para a geração dos 50/60 anos, ainda há mais impotência do que disfunção eréctil. Quem não tem uma erecção é impotente, pensam. E não alguém com uma doença. A palavra traz associada o fim da virilidade», explica a sexóloga ao PortugalDiário.
Viagra: a revolução começou há dez anos
Com o Viagra, é possível ter uma vida sexual activa até bem mais tarde - o que faz cada vez mais sentido à medida que a esperança média de vida também aumenta.
Contudo, espreita o perigo dos medicamentos comprados online. Daqueles que são contrabandeados, que ninguém sabe muito bem do que são feitos, mas que permitem o total anonimato numa compra pela Internet.
Associado à ignorância dos malefícios desta compra «às cegas», está ainda a falta de educação sexual para homens com 70 ou 80 anos, que - com a ajuda do Viagra - podem ainda manter relações sexuais. «Há cada vez mais casos de homens com Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) em idades muito avançadas. Homens que não usam preservativo e que nem sequer imaginam que podem correr esse risco».
Vânia Beliz conhece casos destes: «Nem sequer sabem o que são DST. E muitos levam as doenças para dentro de casa, infectando as mulheres». São cada vez mais os casais com 60 anos e... seropositivos.
A pressão da «boa performance»: quando os jovens procuram Viagra"
Mais cientes dos perigos estão os jovens que, contudo, procuram este tipo de medicamentos pressionados pelas primeiras relações sexuais com uma nova parceira. «Querem ter uma boa performance. Hoje as mulheres têm mais parceiros» e mais por onde comparar.
«Muitos jovens confundem essa ansiedade inicial com a impossibilidade de obter uma erecção e procuram o Viagra». Os médicos não prescrevem segundo este quadro clínico e até chegar à conclusão de que o paciente sofre de disfunção eréctil há um caminho a percorrer.
«Infelizmente, acabam por procurar outros medicamentos noutros locais» e não é, por isso, de estranhar que em feiras de sexo os remédios à base de produtos naturais, que prometem várias erecções, sejam os mais procurados pelos homens.
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