5 de novembro de 2012

CONSUMISMO INFANTIL, O Perigo da Erotização precoce (ALANA)

Critica-se a educação sexual nas escolas, como se o objetivo fosse o incentivo à prática sexual mas depois, muitas vezes lá em casa, aplaudimos quando as crianças dançam de forma libidinosa, incentivamos à vaidade, ensinando que o corpo tem o poder de tudo conseguir...

Para pensarmos...


"A infância preservada e cuidada é a base para uma vida adulta saudável. Por meio do brincar, a criança aprende e exercita sua criatividade,expressa seus talentos inatos e vai constituindo sua personalidade de um modo lúdico e prazeroso. Ao ingressar prematuramente no mundo adulto, com o corpo e a mente ainda em formação, a criança, ou mesmo o pré-adolescente, não tem estrutura física e psicológica formada para defender seus direitos, controlar seus impulsos, reivindicar respeito e, muito menos, identificar em si um desejo genuíno de relacionar-se sexualmente.
Portanto, ao induzir as crianças a desejarem o que nem sabem se desejariam e a adotarem valores distorcidos e artificiais, a publicidade atropela a infância, contribuindo para mudanças no curso natural do desenvolvimento infantil.

A erotização precoce compromete a formação da criança e do adulto que ela será . A exploração sexual infantil, a gravidez precoce, a violência, o mercantilismo sexual e a perda da autoestima são alguns dos retornos negativos que os altos investimentos da publicidade que explora a erotização na infância podem causar.   Em decorrência disso, o que se pode constatar, frequentemente, é que dentro de mulheres aparentemente adultas, escondem-se, na verdade, crianças fragilizadas, posando de experientes e expostas a toda sorte de riscos. A mesma instabilidade ocorre com os adultos do sexo masculino. Longe de poderem assumir responsabilidades, baseiam sua conduta pela insensibilidade aprendida nos sites eróticos, nas novelas, nos jogos violentos, nos filmes e series e no isolamento afetivo a que esses tipos de conteúdo mediático conduzem.

A criança deve ser ajudada a controlar seus impulsos de ordem sexual.

Segundo a teoria psicanalítica, a maioria das crianças, por volta dos seis anos, entra em uma fase denominada latência, que corresponde ao período entre a segunda infância e a adolescência.

Ocorrendo em boa hora, essa fase oculta, temporariamente, um desejo que a criança ainda não está apta a compreender e administrar devido à imaturidade de sua estrutura física e mental. E é nesse período que a criança canaliza a produção da energia sexual para sua socializaçãoe aprendizagem, além de ser tempo para o alcance de sua maturidade genital e para a construção das barreiras psíquicas que a ajudarão, mais tarde, a conter e administrar o instinto sexual. Porém, essa fase de latência é como um sono leve, do qual a criança pode ser despertada precocemente caso seja exposta a mensagens inadequadas à sua idade. É por isso que os estímulos de cunho erótico antes da consolidação desse processo podem ser responsáveis por muitos distúrbios.

Atropelar a infância é uma violência


Antes do advento das bonecas, que são representações de mulheres com corpos adultos, as bonecas com que as meninas brincavam eram seus “bebês”. Era com elas que imitavam as mães, compreendiam seus próprios sentimentos e se preparavam, de maneira lúdica e imaginativa, para se tornarem mulheres e mães um dia. Ou seja, a brincadeira era de maternagem com bebês. Mas, agora, a boneca-padrão é uma mulher sensual, de corpo extremamente magro e bem-sucedida em tudo, que já vem até com marido. Além de ditar um modelo pronto para a criança, isso a incita a abandonar o mundo imaginativo e criativo em que vive para entrar, o mais rápido possível, no insaciável mundo do consumismo. De um momento para outro, a pequena pula das fraldas para aroupinha sensual da dançarina famosa ou para a sandalinha de salto com a marca da top model, transformando-se em um espetáculo bizarro diante da própria família que, sem perceber o perigo, estimula a criança a se expor com sensualidade.

O ingresso no mundo adulto deve e precisa acontecer no seu tempo

A maioria das crianças procura meios de garantir sua sobrevivência física e emocional. Por isso, ela faz o
possível para agradar àqueles de quem depende. Isso devido, principalmente, à dependência natural que a criança tem dos exemplos adultos. É a chamada fase da heteronomia moral e intelectual.

Assim, na maioria das vezes, os aplausos dos adultos aos comportamentos precoces indicam que o desejo deles é vê-las adultas o quanto antes. A publicidade faz exatamente isso ao oferecer às crianças produtos, serviços ou ideias incompatíveis com sua idade. Tal adiantamento da fase adulta desvaloriza a infância, além de convencer as crianças de que seus atributos físicos e trejeitos sensuais podem ajudá-las a obter o que desejam. Por que uma garotinha de quatro, cinco anos necessita de um batom ou, ainda, de uma sandália de salto alto, algo que, certamente, contraria não só a infância, mas sua própria anatomia em formação? Não há por que se queimar uma etapa tão rica da vida, sendo que a infância só acontece uma vez."

Retirado do manual "Porque a Publicidade faz mal às crianças"?, ALANA
Fotografia retirada daqui

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