21 de janeiro de 2008
BISSEXUALIDADE - Cientista italiano diz que humanidade será bissexual
Durante uma conferência, na região da Toscânia, Umberto Veronesi, médico e ex-ministro da Saúde, afirmou que a espécie humana deve caminhar para a bissexualidade «como resultado da evolução natural das espécies».
«O homem está a perder as suas características e tende a transformar-se numa figura sexualmente ambígua, enquanto a mulher está a tornar-se mais masculina. Desta forma a sociedade evolui para um modelo único», afirmou Umberto Veronesi.
Em entrevista a jornais italianos, Veronesi reafirmou a sua teoria, apontando o factor hormonal como indicador da evolução rumo à bissexualidade.
«Desde o pós-guerra que a vitalidade dos espermatozóides diminuiu 50 por cento porque as mudanças das condições de vida estão a fazer com que a hipófise produza cada vez menos hormonas masculinas», afirma o oncologista, pioneiro no tratamento de câncer da mama na Itália.
Segundo o médico, as mulheres tem produzido cada vez menos hormonas femininas ao longo dos anos.
«É o preço que se paga pela evolução natural da espécie, que é positivo porque nasce da busca pela igualdade entre os sexos», afirmou o oncologista ao jornal Corriere della Sera.
Para o médico o sexo deixou de ser a única forma para procriar desde que as novas técnicas foram criadas, como a fecundação artificial e a clonagem.
Na opinião do médico, num futuro não muito próximo, a sociedade poderia ser organizada como o mundo das abelhas. A maior parte dos seus membros seria praticamente assexuada e só uma pequena parte se dedicaria à reprodução.
A professora de sexologia da Universidade La Sapienza de Roma, Chiara Simonelli, concorda com as previsões de Umberto Veronesi.
Simonelli define este processo como resultado da evolução genética e da mudança de mentalidade, fenómenos que estão interligados e que se influenciam reciprocamente, «mas este fenómeno está no princípio. Para que tenha uma certa consistência é preciso esperar duas ou três gerações», afirmou Simonelli.
O antropólogo Fiorenzo Facchini, da Universidade de Bolonha, discorda com a teoria da evolução natural para a bissexualidade.
«Do ponto de vista antropológico, a orientação sexual é definida a nível biológico pela espécie e isso não pode ser alterado». Para Facchini, a separação entre reprodução e sexualidade humana não é positiva. «Separar a reprodução da sexualidade e do núcleo familiar não pode ser visto como uma vantagem para a espécie humana. A reprodução não é apenas o encontro de gâmetas, implica uma relação entre duas pessoas», declarou Facchini ao Corriere della Sera.