27 de fevereiro de 2008

VARICOCELO Um problema a que se deve estar atento





O Varicocelo é um síndrome anatómico de varizes escrotais. Geralmente à esquerda, por razões anatómicas, devido ao refluxo de sangue da veia renal na veia espermática, por insuficiência valvular. Pode desenvolver-se num testículo ou em ambos, mas em 85 a 95 % dos casos envolve o testículo esquerdo. Trata-se de uma patologia benigna, congénita, atingindo cerca de 10 a 20 % da população masculina e desenvolvendo-se após a puberdade.
A principal característica é a dilatação das veias que drenam o sangue da região dos testículos, provocando ainda a acumulação de substâncias nocivas para o órgão e o aumento da temperatura local, levando a uma diminuição na produção dos espermatozóides. A maioria dos homens convive com a doença sem problemas, e apenas 15% terão a sua fertilidade comprometida, muitas vezes só detectada quando o casal pretende ter filhos.

Fisiopatologia:
Cada grupo de veias escrotais juntam-se e formam, no abdómen, a chamada veia espermática, sendo uma do lado direito e a outra do esquerdo. A veia direita percorre em sentido oblíquo até à veia cava, facilitando a drenagem do sangue, enquanto que a veia espermática esquerda "desenboca" perpendicularmente na veia renal esquerda, formando um ângulo de 90 graus. Esse ângulo, associado ao calibre reduzido da veia renal, dificulta a passagem do sangue, explicando-se assim a maior incidência de varicocelo no lado esquerdo. Quando acontece do lado direito é provável que a doença se manifeste dos dois lados, ou será de excluir outra patologia associada.
A doença manifesta-se através da falência ou deficiência das válvulas existentes na veia testicular. Estando em perfeito funcionamento, o sangue passa pelas válvulas impedido de retorno. O que provoca a má drenagem do sangue é a deficiência, pois a acumulação nos testículos força de maneira acentuada as veias, provocando a dilatação.
O esforço intenso, tal como a prática de musculação, com o aumento intenso da pressão intra-abdominal poderá também facilitar o aparecimento de varicocelo.

A maioria dos homens não apresenta sintomas, sendo diagnosticado o varicocelo em exames físicos de rotina.

* Dor testicular;
* Sensação de peso do(s) testículo(s);
* Infertilidade;
* Atrofia do(s) testículo(s);
* Varizes escrotais visíveis ou palpáveis

Diagnóstico:
O diagnóstico do varicocelo é habitualmente clínico, pela palpação do cordão espermático. Pequenos varicocelos podem ser detectados por Eco-Doppler, Termografia ou Venogramas. Quando o doente é observado por infertilidade o espermograma é de maior importância, revelando uma baixa contagem de espermatozóides, baixa motilidade e alterações da morfologia (Oligoastenospermia)

Tratamento:

* Cirurgia: recomendada sempre que haja dor, atrofia testicular ou por infertilidade. Por vezes chamada “varicocelectomia”, consiste na laqueação das veias espermáticas a nível da zona inguinal ou nos quadrantes inferiores do abdómen. A veia testicular interrompida, é forçada a drenagem do sangue para outras veias da região pélvica;
* Cirurgia laparoscópica: com ajuda de câmera intra-abdominal;
* Embolização: procedimento não cirúrgico.

Prognóstico:
A taxa de cura com a cirurgia varia de 80 a 95 %. Os doentes com recidiva de varicocelo poderão ser re-operados. Após a cirurgia 2 a 5 % dos doentes poderão desenvolver um hidrocelo, situação benigna caracterizada por acumulação de líquido à volta do testículo.
Cerca de 50 % dos homens operados por infertilidade conseguem ter um filho após 1 ano. Recomenda-se a realização de espermogramas aos 3 e 6 meses após a cirurgia.

Informação de António Patrício
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