26 de maio de 2010

Convívio com pais homossexuais não influencia a orientação sexual dos filhos




Para especialistas, o convívio com pais homossexuais não influencia na
orientação sexual dos pequenos, que tendem a crescer mais tolerantes às
diferenças.
(Artigo brasileiro que passo a transcrever)

"Theodora era uma das 80 mil crianças brasileiras que vivem em abrigos à
espera da adoção. Em 2006, um casal se interessou pela menina e, depois de
cumprir todas as etapas legais, terminou por adotá-la. A história seria
apenas uma entre tantas que ocorrem nas varas da Infância do país não fosse
por um detalhe: em vez de um pai e de uma mãe, a garota ganhou dois pais.
Dorival Pereira de Carvalho Júnior, 47 anos, e Vasco Pedro da Gama, 38, de
Catanduva (SP), formam o primeiro casal homossexual do Brasil a adotar
oficialmente uma criança. A pequena Theodora, hoje com 8 anos."

"A maratona legal que os dois tiveram que concluir foi longa. Como não
existiam casos semelhantes, os dois, que estavam juntos havia 13 anos,
decidiram que o processo seria feito apenas em nome de Vasco. E assim nós
tivemos que cumprir toda a tramitação. Passamos por todas as entrevistas com
psicólogos e assistentes sociais, que visitaram nossa casa e atestaram que
nós tínhamos condições de cuidar de uma criança, conta o pai Vasco, como
é chamado pela garota. A nossa sexualidade foi levada em consideração pela
juíza e por todos que nos entrevistaram. Em nenhum momento alguma das fases
do processo foi facilitada. Nós tivemos que cumpri-las como qualquer outra
pessoa, completa."


Quando Theodora finalmente pôde ir para casa, começou um dilema na família:
como abordar a homossexualidade com a menina, então com 5 anos? Seguindo a
orientação de uma psicóloga. Inicialmente, o Vasco se apresentou como pai, e
eu como tio, conta Júnior. Mas logo nos primeiros dias, ela mesma
visualizou a situação e compreendeu que nós éramos casal e que, portanto,
ela tinha dois pais, explica. Dois ou três dias depois de ir morar com a
gente, ela chegou para mim e se referiu ao Júnior como meu outro pai. Foi
uma coisa que ela percebeu e assumiu com muita naturalidade, completa
Vasco.


Resolvida a questão em casa, o casal resolveu partir para outra batalha
judicial: incluir o nome de Júnior na certidão de nascimento da menina.
Outra decisão favorável permitiu que os nomes de ambos estejam em todos os
documentos de Theodora. Felizmente, nós nunca tivemos problemas. Ela nunca
sofreu nenhum tipo de reação na escola. Pelo contrário, alguns amiguinhos
até ficam com inveja e comentam que também gostariam de ter dois pais”,
brinca Vasco. “Nós deixamos tudo fluir com naturalidade, e isso a ajudou a
compreender nossa situação como uma coisa perfeitamente normal. Sempre a
educamos para perceber e respeitar as diferenças, acrescenta Júnior.


Uma das questões que surgem em relação à adoção de crianças por gays é se a orientação sexual dos pais pode influenciar os filhos a seguirem a mesma
orientação. No entanto, segundo Paige Averett, especialista em
desenvolvimento humano da East Carolina University, nos Estados Unidos, e
autora de uma pesquisa sobre sexualidade de crianças criadas em ambientes
gays, isso não ocorre. Os filhos de pais homossexuais não têm uma
probabilidade mais elevada de serem gays se comparados às crianças de pais
heterossexuais. E isso independe de eles serem biológicos ou adotados”,
conta a pesquisadora em entrevista ao Correio.


De acordo com Paige, essas crianças tendem a compreender como natural a
homossexualidade. Justamente por serem criadas em uma família gay ou
lésbica, elas veem isso como normal, afirma. Segundo a pesquisadora
norte-americana, outra tendência é que a experiência de ser criado por gays
ou lésbicas faça com que a pessoa aceite com mais facilidade diferentes
tipos de família. A maioria das famílias de gays e lésbicas têm um sistema
familiar muito forte, e amigos com núcleos familiares muito diferentes, como
casais sem filhos, casais multiétnicos ou adoção por pais solteiros. Assim,
as crianças crescem em torno dessa variedade e entendem que há um monte de
famílias diferentes, completa a pesquisadora.


A técnica judiciária Maria de Fátima Nascimento Gama, 45 anos, e a
professora Ivana Maria Antunes Moreira, 63, concordam plenamente com as
observações da especialista. Ivana é mãe biológica de Arthur, 21, e Érica,
23. Já Fátima é mãe de Lorena, 21. Na prática, no entanto, os cinco formam
uma grande família. “Quando eu e a Ivana nos unimos, nossos filhos mais
novos tinham apenas 1 aninho. Eles foram criados por nós e nunca tiveram
problemas para aceitar a nossa sexualidade, conta Fátima.


Ela lembra que a única dificuldade que tiveram foi com relação à
desinformação de outras pessoas fora do núcleo familiar. Nossos filhos
nunca sofreram preconceito, mas na escola eles foram questionados várias
vezes sobre quem era a mãe deles, e se eles eram mesmo irmãos. Ainda existe
certa curiosidade das pessoas sobre esse assunto”, conta a técnica
judiciária. Como eles foram criados desde pequenos sabendo que a nossa
família era diferente, também não tiveram problemas para lidar com isso.
Hoje, a Lorena já teve seu primeiro filho, e os outros dois estão na
faculdade. Nós vivemos como qualquer outra família, conta Ivana.
Temos os
mesmos problemas e as mesmas alegrias que qualquer um.


Entrevista


1) Filhos de pais gays tem mais tendência a se tornarem gays no futuro?
A literatura é bastante consistente neste tópico. Filhos de pais gays e
lésbicas geralmente tem mais experiências sexuais (hetero e comportamentos
homossexuais) e estão mais abertos a variação sexual. Quando adolescentes e
adultos, geralmente têm a mesma taxa e porcentagem de ser hetero / do que os
filhos de pais heterossexuais. Assim, os filhos de pais homossexuais não têm
uma taxa mais elevada de ser gay se comparadas às crianças de pais
heterossexuais (E isto é, independentemente de serem biológicos ou
adotivos).

2) Elas tendem a compreender a sexualidade dos pais? Há traumas nesse
sentido?


Sim, as crianças a compreenderem sexualidade dos seus pais como natural e
porque eles são criados em um lar gay, assim como as crianças criadas em
famílias heterossexuais veem isso como normal. Claro que a filhos de gay /
lésbica estão expostos na escola à idéia de que sua família é diferente dos
outros.

No entanto, a maioria das famílias de gays e lésbicas têm sistemas de apoio
muito fortes no lugar e tem grandes redes de familiares e amigos que muitas
vezes são muito diferentes (Adoção de pais solteiros, nascimento, gays,
lésbicas, etc.) Assim, as crianças crescem com e em torno de uma variedade
de estruturas familiares o que facilita elas a entenderem que há um monte de
famílias"diferentes".


3) Existe alguma idade em que a sexualidade deve passar a ser discutida?

A maioria dos especialistas acreditam que a sexualidade deve ser discutida
com as crianças com intencionalidade, conhecimento, a variedade e
naturalidade pelos pais. Muitas vezes, nos E.U.A. vemos que os pais esperam
até que as crianças estão adolescentes (e é muito tarde) para conversar
sobre sexo, muitas vezes, apenas se concentrando nos problemas e
dificuldades na sexualidade (DST, gravidez). Muitos especialistas acreditam
agora que as crianças devem ser criadas para serem informados sobre todos os
áreas da sexualidade - físico, emocional, relacional, cultural desde tenra
idade.

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/05/18/brasil,i=1929
56/JUSTICA+BRASILEIRA+MOSTRA+SE+FAVORAVEL+A+ADOCAO+DE+CRIANCAS+POR+CASAIS+GA
YS.shtml

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