15 de junho de 2010

Pequenas Lolitas, o perigo da erotização infantil...alguem se importa verdadeiramente ?



"Lolitas" nas escolas portuguesas

Nas minhas visitas às escolas tenho verificado algo que me tem preocupado e que me levou a reflectir o assunto esta semana.

Infelizmente, nem todos os pais têm concordado com a presença dos filhos nas pequenas palestras em que temos discutido as dúvidas dos mais novos. Alguns consideram prematuro abordar determinados temas, com receio que os mesmos possam despertar a curiosidade dos mais novos para os assuntos do sexo.
Percebo as suas dúvidas e respeito-as... mas será que os educadores estão conscientes dos exemplos que as crianças absorvem quando ligam a televisão lá de casa, quando assistem a determinados concertos e quando são influenciados pela publicidade avassaladora que erotiza cada vez mais precocemente as nossas crianças?

No outro dia estava sentada à frente da TV e, numa manhã, foram vários os abusos que identifiquei: desde personagens que apelavam à sensualidade, às coreografias sensuais repetidas das personagens, às personagens femininas das séries para jovens completamente desnudadas e maquilhadas (…). Perguntei-me que consequências terão estes exemplos? Tenho verificado que as meninas assumem, cada vez mais, o papel de mini-adultas com direito a roupa minúscula e caras besuntadas de base e de maquilhagem… As meninas de 11 e 12 anos parecem ter perdido a infância e, tipo-pipoca saltam cá para fora, servindo de montras sem que as pessoas se incomodem ou falem quase disto.

Meenakshi Gigi Durham, autora do livro “O Efeito Lolita (…)”, aborda a temática dos abusos da erotizarão infantil pelos média, tema ainda pouco discutido no nosso pais. Segundo a autora, cantoras com Christina Aguilera, Britney Spears e Lady Gaga, entre tantas outras pelo mundo fora, apresentam-se como objectos sexuais e inspiram fortemente os mais novos. Durham cita o exemplo de uma menina de 9 anos que veste uma camisola das Pussycat Dolls que diz: “Não gostarias que a tua namorada fosse ‘hot’ como eu?”.

O apelo à sensualidade e sexualização dos mais novos não está nas respostas que se dão às perguntas que eles colocam nas caixas que me entregam e que muitos evitam responder.

Os perigos de uma sexualidade precoce podem estar mais facilmente a ser estimulados por aquilo que os nossos filhos vêm quando ligam a televisão, pelos programas que não se adequam à sua idade, ou por aqueles que apesar de indicados para a sua idade expõem cenas desadequadas ao seu desenvolvimento psico-sexual.

É importante pensarmos que urgentemente vamos ter de nos debruçar sobre este assunto, porque um dia destes chegamos aos jardins-de-infância e já temos as meninas de salto alto e rímel nas pestanas! Não estamos assim tão longe... basta vermos as capas e noticias de muitas revistas cor-de-rosa e as críticas que têm sido feitas à pequena Suri… já um ícone para tantos criadores… Onde será que estão os limites e fronteiras? Onde estarão realmente os primeiros perigos para uma sexualidade precoce e irresponsável? Não me parece que estejam nas perguntas das crianças curiosas…

Esta semana na sábado on line...

2 comentários:

2667 disse...

Li atentamente este post, tal como costumo fazer com os restantes, e mais uma vez gostei imenso do que escreveu e concordo plenamente consigo.
Também já dei comigo a pensar neste assunto... Mas há uma dúvida que me assombra como é que se faz para explicar a crianças pequenas que muitas das vezes aquilo que vêm na tv é para pessoas mais crescidas e que elas terão o seu tempo para crescerem?
Por vezes penso que a evolução que a tv e outros produtos electrónicos tiveram, é cada vez mais dificil fazer com que as crianças de hoje não queiram só ter e ver as últimas novidades e que não sejam influenciadas por aquilo que têm e veêm, mesmo que a educação em casa tente ser a melhor e mais adequada...

Cumprimentos

Anônimo disse...

ler todo o blog, muito bom

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